"O Amor e a Vida Real" constitui-se como mais uma narrativa (entre muitos exemplos que povoam a Industria e a oferta da mesma) que aborda a difícil problemática das relações humanas, particularmente questões relacionadas com relacionamentos de carácter inter e intrapessoais de cariz amoroso.
Como protagonista é-nos apresentada a figura do pai extremoso que, de alguma maneira, sente dificuldades em se relacionar com as suas três filhas - as quais têm idades completamente distintas. Trata-se de um homem altruísta, na medida em que de tudo abdicou para de dedicar de forma (pressupõe-se) quase exclusiva à sua numerosa descendência, com particular incidência após ter ficado viúvo.
Partindo da imagem da família norte-americana tradicional, com os vários filhos acompanhados das respectivas caras-metades e descendências em torno das figuras patriarcais e matriarcais dos avós (curiosamente, numa casa de campo, longe de aglomerados urbanos, mais tradicional é impossível), com jogos ao serão, em torno da lareira, procura chamar-se a atenção para aquilo que realmente interessa na existência humana, ou seja, a criação de laços com alguém com quem verdadeiramente nos identifiquemos - de modo a que essa mesma existência terrena faça algum sentido. Neste caso concreto, essa noção contempla desejar-se a namorada do irmão, Filtrando a mensagem, será uma espécie de "Se verdadeiramente acreditas, vai à luta!"
Sendo um "cliché" dentro dos filmes do género, acaba por não caír na banalidade estereotipada deste tipo de registos, acabando por se revelar como aceitável - cumprindo com a função de entretenimento familiar, não descurando no entanto questões universais que desde sempre assolam e continuarão a assolar o indivíduo: Paixão, Ciúme, Atracção, Arrebatamento, Amor - contribuindo para que o Globo continue a girar, ao compasso de todas estas peripécias.